Nós, como amantes das letras, sofremos as perdas que ocorreram nesse mês. Definimos como perdas literárias porque a existência física desses autores permitia a lembrança constante, sobretudo à nova geração, que mediada por tantas tecnologias, precisa ter materialidade do autor para um processo de concretização cognitiva: “o escritor existe” e ainda pode falar sobre sua obra. Não há dúvidas que esses autores são imortais. Não só porque compõem academias de letras e ao falecerem tem seus restos mortais associados a mausoléus ou monumentos, mas também por suas obras serem imortais transpassando o tempo e as mídias, fazendo com que jovens midiáticos possam conhecer as obras em outros formatos. A citar, como exemplo, o fato de Millôr Fernandes, falecido em 2012, ser o homenageado na Flip 2014.
Julho foi um mês de luto! Quatro autores deixaram um legado importante para a cultura brasileira.
Rubem Alves foi escritor, educador e teólogo. Seus livros abordam temas existenciais, não limitados à religiosidade, mas à cidadania e à formação holística do ser-humano. Reescreveu e polemizou estórias clássicas, como “Caindo na Real - Cinderela e Chapeuzinho Vermelho para o tempo atual”, Pinóquio às avessas”, “Sobre príncipes e sapos”. Foi membro da Academia de Letras de Campinas e teve repercussão internacional.
A Academia Brasileira de Letras foi marcada por três perdas. Ivan Junqueira tem um poema metalinguístico significativo à literatura e à educação: “Que será o poema, /essa estranha trama/ de penumbra e flama/ que a boca blasfema?// Que será, se há lama/ no que escreve a pena/ ou lhe aflora à cena/ o excesso de um drama?/ Que será o poema:/ uma voz que clama?/ Uma luz que emana?/ Ou a dor que algema?”. Esse poema registra o poetar presente não só no poema, mas a todo gênero literário: a literatura pode e deve tratar sobre todos os temas e mais que trazer respostas pode e deve provocar o leitor.
João Ubaldo Ribeiro em seus textos provocava com termos vulgares e palavrões, que embora espantassem leitores mais puristas, traziam proximidade a outros, por seus personagens verbalizarem o pensamento sobre temas cotidianos e expressões cristalizadas, como “Deus é brasileiro”, obra adaptada para o cinema. Outra narrativa famosa, "A Casa dos Budas Ditosos" foi adaptada para o teatro, como um monólogo interpretado por Fernanda Torres. Outra obra expressiva é "Um brasileiro em Berlim," a visão do cronista não só sobre sua estada na Alemanha, mas uma proposta de reflexão sobre a própria pátria, em comparação a outra nação.
Já outro autor, Ariano Suassuna, dedicou-se ao registro da cultura nacional, sem excluir a influência das outras culturas na nossa. A peça "Auto da Compadecida" é considerada o texto mais popular do moderno teatro brasileiro. Nela, Suassuna conta a história dos amigos João Grilo e Chicó, que andam pelo sertão. Há uma mescla de diversas figuras de linguagem nordestinas com elementos dos cordéis e as formas clássicas de auto e farsa. Seu sucesso foi tão grande que foi adaptada para o cinema e a televisão. Suas palestras, entrevistas, também eram famosas pois ele acaba se caracterizando como um contador de causos...
Evocamos: “um viva seja dado aos imortais!” não só com homenagens, mas com revisitações a suas obras, em leitura e releituras! E que haja muitos herdeiros e discípulos, pois assim suas obras e existências terão valido a pena.
Julho foi um mês de luto! Quatro autores deixaram um legado importante para a cultura brasileira.
Rubem Alves foi escritor, educador e teólogo. Seus livros abordam temas existenciais, não limitados à religiosidade, mas à cidadania e à formação holística do ser-humano. Reescreveu e polemizou estórias clássicas, como “Caindo na Real - Cinderela e Chapeuzinho Vermelho para o tempo atual”, Pinóquio às avessas”, “Sobre príncipes e sapos”. Foi membro da Academia de Letras de Campinas e teve repercussão internacional.
A Academia Brasileira de Letras foi marcada por três perdas. Ivan Junqueira tem um poema metalinguístico significativo à literatura e à educação: “Que será o poema, /essa estranha trama/ de penumbra e flama/ que a boca blasfema?// Que será, se há lama/ no que escreve a pena/ ou lhe aflora à cena/ o excesso de um drama?/ Que será o poema:/ uma voz que clama?/ Uma luz que emana?/ Ou a dor que algema?”. Esse poema registra o poetar presente não só no poema, mas a todo gênero literário: a literatura pode e deve tratar sobre todos os temas e mais que trazer respostas pode e deve provocar o leitor.
João Ubaldo Ribeiro em seus textos provocava com termos vulgares e palavrões, que embora espantassem leitores mais puristas, traziam proximidade a outros, por seus personagens verbalizarem o pensamento sobre temas cotidianos e expressões cristalizadas, como “Deus é brasileiro”, obra adaptada para o cinema. Outra narrativa famosa, "A Casa dos Budas Ditosos" foi adaptada para o teatro, como um monólogo interpretado por Fernanda Torres. Outra obra expressiva é "Um brasileiro em Berlim," a visão do cronista não só sobre sua estada na Alemanha, mas uma proposta de reflexão sobre a própria pátria, em comparação a outra nação.
Já outro autor, Ariano Suassuna, dedicou-se ao registro da cultura nacional, sem excluir a influência das outras culturas na nossa. A peça "Auto da Compadecida" é considerada o texto mais popular do moderno teatro brasileiro. Nela, Suassuna conta a história dos amigos João Grilo e Chicó, que andam pelo sertão. Há uma mescla de diversas figuras de linguagem nordestinas com elementos dos cordéis e as formas clássicas de auto e farsa. Seu sucesso foi tão grande que foi adaptada para o cinema e a televisão. Suas palestras, entrevistas, também eram famosas pois ele acaba se caracterizando como um contador de causos...
Evocamos: “um viva seja dado aos imortais!” não só com homenagens, mas com revisitações a suas obras, em leitura e releituras! E que haja muitos herdeiros e discípulos, pois assim suas obras e existências terão valido a pena.
Daniella Barbosa Buttler e Ivete Irene dos Santos