A IMPORTÂNCIA A LÍNGUA PORTUGUESA
NO CONTEXTO PROFISSIONAL
Muita coisa mudou
no mundo empresarial, por isso é comum encontrarmos nos classificados de
empregos solicitações de domínio de tecnologias e de língua estrangeira. Então
fica a pergunta, por que a preocupação de um artigo com a importância da língua
portuguesa? Subentende-se que, se é solicitado o domínio de uma língua
estrangeira, a língua materna deva ser dominada. Você deve então estar me
questionando: “se a língua portuguesa é minha língua materna, não a domino?” É
necessário, então, um novo esclarecimento: não existe uma única língua
portuguesa, e não estou me referindo à comparação entre a língua em diferentes
países lusófonos (países africanos, asiático e europeu que falam língua portuguesa), refiro-me às
línguas portuguesas aqui do Brasil. Bem preconizou o linguista Evanildo
Bechara: “É preciso ser poliglota na própria língua”. Essa expressão parece
paradoxal, mas não é. Como já afirmamos, não existe só uma língua portuguesa falada
no Brasil e também não me refiro às transformações ao longo do tempo. Ler um jornal de séculos e décadas anteriores
revelam as mudanças da língua, mas há mudanças também em comparações sincrônicas. Algumas
situações: viajando para outros estados deparamo-nos com expressões por vezes inusitadas; às vezes é difícil conseguir
conversar com pessoas com idades diferente por usarem expressões típicas do seu
grupo etário; um texto jurídico ou mesmo uma bula de remédio, mesmo sendo
língua portuguesa torna-se, por vezes, estrangeirismos.
Mas centralizemos
nossa discussão na proposta do título: o contexto profissional solicita certos
protocolos da língua. O linguista aqui citado compara a língua a uma roupa. Há
uma etiqueta social que indica qual roupa usar em determinado contexto. Alguns
defendem que o importante é comunicar, assim como o importante é estar vestido,
mas a linguagem, como roupagem, como discurso,
símbolo, ajuda a compor uma imagem, por isso, a inadequação pode ser negativa.
Dominar os procedimentos de sua área profissional, sua área de atuação, mas não
conseguir expressar seu conhecimento é
incoerente, e não adianta declarar “peço para meus assessores me ajudarem”.
Como explicará claramente o que quer? Ou melhor, antes de ser o chefe e ter
assessores, como terá passado na
seleção, em meio há tantos concorrentes? Bastará apenas conhecer bem sua
profissão?
No contexto profissional, sobretudo naqueles
que exigem produção escrita, apresentações, a norma cobrada é a culta, com
correção gramatical; os textos devem ser claros, objetivos, sem serem ríspidos;
devem ser bem escritos, sem serem
retóricos ou coloquiais. Na oralidade,
no contexto informal, os desvios em relação à norma culta passam despercebidos,
até mesmo por que outros recursos se fazem presentes: gestos, entonação,
cumplicidade na interação, presença física, compartilhamento do contexto
comunicativo; Por isso transplantar as características de produções de um
contexto informal para o formal pode ser inadequado e pouco produtivo. Sabemos
que os recursos tecnológicos podem auxiliar e muito na produção escrita, eles mudaram
também a intensidade e a forma de se comunicar, mas também é preciso conhecer
esses recursos para usá-los producentemente... E isso é tema para um próximo
artigo: “E-mails profissionais, abreviações, corretores ortográficos, pesquisas
na internet, redes sociais... Como fazer um bom uso?”
Edição 2743 - 22 a 29 de novembro de 2013
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