sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Crônica Uma nova língua escrita?

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Continuando a temática  da coluna anterior, tratarei aqui da nova ortografia, pois embora a discussão tenha sido iniciada há mais de dez anos, pode-se considerar que ainda estamos na fase de adaptação. Com certeza, você já deve ter notado que algumas palavras tiveram a grafia alterada. “Ideia”, agora é sem acento, “heroico” também. Palavras compostas, como “autoescola”, “anti-inflamatórias”, “antirrugas” também estão regidas por novas regras.
Apesar da polêmica que o tema ainda gera, a modificação ortográfica é fato e é preciso considerar alguns dados. Não é a primeira vez que há  novas regras ortográficas, por isso, indivíduos que já eram alfabetizados na década de 70 tiveram que se adaptar às mudanças impostas pelo decreto que causou duas alterações significativas: eliminava a maior parte dos acentos diferenciais, como em “êle” (pronome) e “ele” (substantivo); e extinguia os acentos subtônicos como em “sómente”, “cafézinho”, “ chapéuzinho”.
A língua é uma manifestação cultural, mas a grafia é regida por lei, por isso, independentemente da aceitação individual, ela será cobrada nas produções oficiais; Outro item importante a esclarecer é que a nova grafia não alterará a pronúncia: o “gui” de “linguiça” não deve ser lido como o “gui” de “guidão”; “geleia” não deve ser lido com o som fechado (ê), como o pronome “você”.
O propósito da lei é a unificação da grafia, o que  deve facilitar, por exemplo, as buscas que ocorrem em pesquisas na internet, todavia, é preciso destacar que as variações de vocabulário e de significado continuarão ocorrendo: “Pai Natal”, para Portugal, e “Papai Noel”, para o Brasil; “cadarço”, no Brasil; “atracador” no português europeu, asiático e africano, só para citar duas variações.
Mas voltemos ao tema acentuação: Não há mais o acento  nos ditongos abertos "ei" e "oi" de palavras paroxítonas (penúltima sílaba tônica, ou seja, a mais forte), como "centopeia, “boia”, “jiboia”.
         Não há mais acento nas palavras paroxítonas, com "i" e "u" tônicos, quando precedidos de ditongo (duas “vogais” juntas na sílaba), assim,  "feiúra" e "Bocaiúva", passam a ser grafadas "feiura" e "Bocaiuva".
              Exclui-se também o acento nas formas verbais que têm o acento tônico no radical, com "u" tônico precedido de "g" ou "q" e seguido de "e" ou "i". Formas verbais como “averigue” (averiguar), “apazigue” (apaziguar) escrevem-se assim.
Mas atenção, palavras oxítonas (última sílaba tônica) como “café”, “Paraná”, “vovô”, entre outras, continuam sendo acentuadas, pois terminam em “a”, “e” e “o”.   As vogais “i” e “u” só recebem acento na última sílaba se forem hiato, ou seja, precedidas por vogais que ficam separadas na pronúncia e, consequentemente, na divisão silábica. Os vocábulos “Grajaú”, “baú”, “Piauí”, por exemplo, são acentuados, já os termos “caju”, “Pacaembu”, “Turiaçu”, “parti (-lo)”, embora oxítonos, são grafados sem acento, pois não ocorre hiato.
Há outras regras a serem apresentadas, mas uma forma de aprendizagem não é somente com o conhecimento das regras, é também com a leitura de bons textos que já estejam escritos na grafia vigente. Voltaremos a tratar do tema reforma ortográfica, mas incitada pela crônica da professora Daniella Barbosa "Feriado, pra que te quero" e pelos exemplos aqui listados, na próxima coluna abordarei a etimologia de alguns vocábulos.
Você já sabe, se leu a coluna Ideias, cenas e palavras, que “saci-pererê” é um termo indígena. E “Grajaú”, “Caju”, “Congonhas”, “Moema”, “Interlagos”, “Pacaembu” , “Turiaçu”, “Bocaiuva”, você sabe o que etimologicamente significam? Na próxima coluna faremos um passeio pela história das palavras. Até lá!

Edição-2693 23-a-29-de-novembro-de-2012 -GRUPO SUL NEWS




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