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Caro leitor, na crônica anterior apresentei
uma palavra no título que não é muito adequada para um contexto formal. Você
notou? “Coisa” é considerado um termo vicário, ou seja, substituto, “termo
genérico”, pois “cabe” em diferentes contextos. Esse era o objetivo do
título: generalizar.
Outros termos considerados
vicários são os verbos “fazer” e “dar”. Você já notou que eles apresentam,
sozinhos ou associados a outros termos,
vários usos? Consultando um bom dicionário, encontram-se várias acepções.
Exemplificarei:
O homem deu uma ajuda; O feirante deu-me
meio quilo de uvas, O patrão deu o
aumento esperado; Davam tudo para
conseguir salvar a filha; É ele quem dá
as cartas na empresa; Deu na
televisão que amanhã será o dia mais quente do ano; A enfermeira deu-lhe dois comprimidos; Deu-me
um dor no estômago ao olhar a madeira que
deu bicho; O relatório deu mais
de 50 páginas; Um e um dão dois; A namorada deu um beijo apaixonado; Demos
um susto no amigo; Isso me dá dor de
cabeça; O filme dá sono; O casamento
deu-se ontem; Ele precisa dar um impulso na carreira, para dar mais lucros. Não precisa nos dar explicações; Antes de darem oito horas, voltarei; Ninguém deu ordem aos prisioneiros; Os móveis
não dão na sala; Os bandidos deram azar: deram-se mal. Há muitos outras acepções do verbo “dar”, entre elas a
conotação sexual, nem sempre validadas
pela norma culta, mas validadas pelos falantes.
Se em algumas situações essa pluralidade de sentidos pode ser
considerada uma riqueza da língua e ser um recurso intencional para criar
trocadilhos ou ambiguidades, em outros contextos pode sugerir uma carência
vocabular: a falta de conhecimento de palavras mais expressivas e precisas, ou seja, não
genéricas. As expressões “dar aulas”, “dar o presente”, “dar instruções”, “dar
informações”, “dar gratificações”, por exemplo, poderiam ser substituídas
respectivamente por “lecionar”, “presentear”, “instruir”, “informar”,
“gratificar”. Proponho uma atividade: releia as frases do parágrafo anterior e parafraseie-as.
Se não der para fazer agora, tomara que dê tempo entre as comemorações de fim de ano. Aproveito para finalizar
a coluna dando votos de Boas festas!
Edição 2697 – 21 a 27 de dezembro de 2012-página 12 - http://www.gruposulnews.com.br/flip.php?id=84