No dia 18
de abril comemorou-se o Dia do Livro Infantil e o aniversário de Monteiro
Lobato, considerado o pai da Literatura Infantil Brasileira. No dia 23 de abril foi comemorado o Dia
Mundial do Livro e dos Direitos do Autor. É oportuno, portanto, que comentemos
sobre livro e leitura, pois são temas para inesgotáveis reflexões.
Livro é
associado ao contexto escolar, pois, muitas vezes, o contato que as pessoas
têm, senão é restrito a esse contexto, é permeado pela memória das experiências
discentes. Isso é lamentável, pois na sociedade letrada todos são responsáveis pelo estímulo à leitura. Não
estou isentando o papel da escola, pelo contrário, – como foi discutido na
coluna em que escrevi José Paulo Paes –, a escola é formadora de leitores:
apresentando obras e os autores considerados clássicos na tradição escolar e na
tradição cultural, pelos recursos linguísticos e literários e pelo próprio
enredo. A literatura considerada clássica ou universal se torna atemporal por
tratar de temas arquetípicos e metaforicamente adaptáveis às várias situações.
Um best-seller pode se consagrar pelo tema e pela vendagem, mas não
necessariamente se perpetuará como um texto clássico pelas qualidades textuais.
Isso não quer dizer que devam ser menosprezados. Inicialmente defendemos:
quaisquer e todas as leituras são válidas, sobretudo para a aquisição de acervo
e repertório, para a comparação de enredos, estilos, gêneros... Mas informação
é diferente de conhecimento. Enquanto aquela é geralmente superficial e
efêmera, essa é acumulativa. Por isso a
busca, em uma sociedade, é por uma leitura qualitativa, fruitiva e estimulante
psicológica e cognitivamente.
Há livros
e livros, e o contato com várias obras deve ser incentivado por todos. Para os
bebês já existem os livros de pano e os livros de plástico. Para as crianças há
os livros só de imagens com os quais elas podem criar as narrativas. Mas os
pais podem e devem contar estórias.
Antes do contato decodificador com as letras, há o contato visual,
material e tátil com o livro. Assim como no processo de desenvolvimento da
fala, a audição de estórias é um estímulo para a criação e recriação oral e
depois escrita.
Assim
como os brinquedos, os livros devem estar acessíveis às crianças, espalhados
pela casa, como estão os outros objetos. E nas datas comemorativas, por que não
presentear com livros? Alguns dirão: “Puxa que chato, livro de
presente”. É preciso associar: livro é tão legal, que é presente de
aniversário, de dia das crianças, de natal... E mais que discurso, deve ser prática de pais, de
educadores e da sociedade. Pais devem estar com livros, revistas e jornais à
mão. Em quais cenas de uma novela se vê alguém lendo um livro? Mesmo em
filmes essa cena é rara e, geralmente,
quando aparece, tem um caráter explicitamente artificial e didático. Quantas
vezes na minha infância ouvi adultos dizerem “Se fizer bagunça, vai ficar de
castigo estudando ou lendo!”. Por isso, posso dizer que há muito tempo percebo
um desincentivo à leitura, mas isso não é impossível de reverter, pois vejo
também práticas incentivadoras, ainda que tímidas.
Em
parques públicos há bibliotecas, há quiosques de leituras, associando leitura a
lazer. Em estações de metrô, há máquinas que vendem livros, associando a
leitura a uma utilização produtiva do tempo em trânsito e convidando a um
deslocamento para o conhecimento, para outros mundos tematizados na obra.
Hoje, há os e-books, há bibliotecas virtuais, acessíveis
a um clique do computador ou do celular; há também as estórias adaptadas para
outras mídias. Mas já defendemos em várias colunas que as formas de divulgação
de cultura não são excludentes, então por que temos que nos furtar do contato
com os livros?
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