Revista AESUL - Set-2014
É interessante como alguns frutos estão presentes em vários
elementos da cultura. A uva é uma delas, desde os tempos bíblicos, desde os
tempos gregos... Cultura, ato de cultivar, plantar (agricultura) e cultura,
meio social. Não à toa apareça nos
rituais religiosos, no velho testamento, no novo testamento, como o primeiro e
polêmico milagre de Jesus, o de transformar água em vinho, como símbolo do
sangue de cristo. Na mitologia grega, Dionísio é o deus do vinho, Baco, na
mitologia romana daí, por extensão, o termo bacanal. Reside na etimologia a
polêmica sobre as passagens bíblicas, sobre o ser ou não o vinho embriagante:
“Tirôsh” é vinho não alcoólico, mas o termo mais usado na bíblia é “Yayin”, que serve para os dois usos: “vinho
alcoólico e vinho não alcoólico”. O mesmo acontece com o termo grego: “oinos”,
que serve para os dois e, “sikera” e “gleukus”
para vinho alcoólico.
Mas o
vinho também está presente na cultura brasileira, seja por herança cultural
seja por paladar... seja linguisticamente, “enólogo”, por exemplo, é uma
palavra de origem grega, “enos” é transformação de “oinos”; Outra definição
também é importante: nem todas as uvas servem para vinho. Uvas viníferas,
próprias para o vinho e não para a alimentação, e as não-viníferas, que
servem para alimentação. Um vinho muito
consumido mais simples, mais popular, oriundo de uvas consideradas não
viníferas. Mas linguisticamente, no nome há um paralelismo com o “Sangue de
Cristo”, o nome tem uma relação com o
sagrado, como se o animal tivesse sangrado para dar algum prazer ao degustador.
Também é preciso
diferenciar vinho de champanhe e até mesmo de vinagre. Nada melhor que conhecer
essas informações conhecendo os lugares de produção.
Dois lugares no Brasil são os principais produtores: no Rio
Grande do Sul e em Pernambuco perto do outro Rio Grande, o do Norte. Em São
Paulo também há São Roque, nas Minas
Gerais, Andradas.
Visitar uma vinícola é um passeio encantador, uma viagem
geográfica, histórica e cultural. geralmente nas parreiras, se der sorte da
visita ser no verão, ver-se-ão as parreiras cheias, belíssimas; se for no
inverno, secas, mas não sem vida, Depois das parreiras, estão
hibernando. Depois, passa-se pelos
corredores tomados por barris, se for uma vinícola antiga ou por tanques de
inox, se for moderna e termina com um
breve curso com o enólogo.
Nada como um profissional para explicar... Com este profissional
tem-se a oportunidade de aprender outras coisas
além de como se faz e como se toma vinho. E claro que é interessante
saber que o primeiro sentido aguçado é o olfato, por isso a importância de
cheirá-lo antes de levá-lo a boca. Claro depois de muitas mexidas na taça.
Mexer o vinho não é frescura. Não se trata de um ritual injustificável. Ao
sacudir a bebida, a oxigena-se e o aroma fica mais apurado. Na taça não se pode pegar no bojo só na haste ou na base. Um
creme ou do suor da mão pode deturpar o aroma do vinho, além de alterar a
temperatura.
Quem não pode ir às vinícolas pode ir às adegas, empórios, como
as existentes na nossa região. Foi há quatro
anos, num passeio a Caxias do Sul, que
o Senhor Dário P. Santos, morador da zona sul de São Paulo trouxe garrafas de vinho para compartilhar com sua tertúlia.
Confeccionou alguns rótulos personalizados para presentear alguns deles. Ao perceber a reação positiva
dos presenteados e as constantes solicitações, início a SP Vinhos.
Um bom vinho ou um bom suco de uva está relacionado à culinária-
haja vista pratos que utilizam-no, a rituais, à simbologia, a etiquetas
sociais, a eventos: confrarias,
tertúlias, encontros românticos... Ou simplesmente para a degustação e brinde a saúde e à saúde !
Daniella Barbosa e Ivete Irene dos Santos
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